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Urgente: Meninas dão entrada em hospital com supostas reações à vacina contra HPV

Adolescente de Bertioga recebe dose da vacina contra HPV
Pelo menos sete adolescentes entre 11 e 13 anos deram entrada nesta quinta-feira (4) no Hospital Municipal de Bertioga com suspostas reações da vacina contra o HPV. As secretarias de Saúde do Estado e de Bertioga estão investigando os casos.

A Tribuna chegou a esta informação após uma denúncia. Uma auxiliar administrativa de 18 anos aguardava atendimento na unidade de saúde, por outro motivo, quando se deparou com uma menina dando entrada no hospital em uma cadeira de rodas. "Ela estava tremendo bastante e logo depois a mãe saiu chorando", conta.

Minutos depois, de acordo com ela, boatos começaram a circular dentro da unidade hospitalar de que a adolescente seria mais uma com reação da vacina. "Fiquei curiosa e fui perguntar para as enfermeiras se o boato procedia e elas disseram que sim. Também comentaram que outras meninas foram atendidas e estavam sem sentir os membros inferiores".

Procurada, a Prefeitura de Bertioga informou que as reações estão sendo investigadas e que a orientação da Secretaria de Estado da Saúde é de não suspender a vacina. Ainda de acordo com o Executivo, desde que a segunda fase da campanha contra o vírus começou, foram aplicadas cerca de 300 doses na Cidade.

Especialistas

A infectologista e professora da Universidade Federal d eSão Paulo (Unifesp), Nancy Cristina Junqueira Bellei, diz que a vacina tem pouquíssimas reações adversas e sugere uma investigação aprofundada.

"É muito raro. Reações podem acontecer, mas é em uma pessoa, em um lugar, em uma cidade. Poder ser uma coincidência que não tem nada a ver com a aplicação. Tem que ser analisado o quadro neurológico, o tempo que isso levou para acontecer nas pacientes. É muito estranho ocorrer algo com tantas pessoas ao mesmo tempo", diz a médica, que não descartou a possibilidade do lote estar com algum tipo de contaminação.

Em entrevista para edição da última quarta-feira (3) de A Tribuna, a presidente da Sociedade Brasileira de Imunização – Regional São Paulo, médica Mônica Levi, comentou que não há comprovação de nenhum sintoma causado pela vacina – usada no mundo inteiro, segundo ela. “As únicas reações observadas são a vermelhidão e a dor no local da aplicação. Ela é realmente uma vacina mais dolorosa por causa de seus componentes, que irritam mais o tecido muscular”.

Meninos

Apesar de o Governo Federal ter como público-alvo meninas de 11 a 13 anos, profissionais da área alertam para a importância da imunização também de meninos. A vacina foi distribuída em todo o País juntamente com a campanha para prevenir o câncer de colo de útero, diretamente ligado à infecção por HPV.

O médico Hugo José Anteghini, diretor da Clínica Humanus, de Santos, especializado em imunização, ressalta que a prevenção deveria também ser estendida aos meninos da mesma idade, que podem desenvolver tumores no ânus, no pênis e na faringe, se infectados com o vírus.

Na visão do médico, o Ministério da Saúde optou por escolher um grupo para economizar na compra dos lotes de vacinas. “Mas é preciso ser levado em conta que a meta de vacinação do Ministério da Saúde é de 80% do universo feminino com idades entre 11 e 13 anos. Nem todas as meninas, quando futuramente entrarem na vida sexual, estarão imunizadas. Com a vacinação também dos meninos, a universalização da prevenção à transmissão seria muito maior”. A aplicação das três doses da vacina em rede particular custa cerca de R$ 1 mil.

O médico sanitarista Ricardo Cunha, responsável pelo setor de vacinas do laboratório Delboni Auriemo, reforça o alerta de Anteghini. Ele afirma que os tipos de câncer que podem atingir os meninos são mais raros, mas, ainda assim, salienta a importância da imunização do público masculino. “Quanto maior o universo de pessoas imunizadas nessa faixa etária (11 a 13 anos), maior o bloqueio da circulação do vírus futuramente”, diz Cunha.

Resposta

O Ministério da Saúde justifica, em nota, que meninos não são o alvo da vacinação porque o objetivo é reduzir casos e mortes ocasionados por câncer de colo do útero.

“Estudos comprovam que os meninos passam a ser protegidos indiretamente com a vacinação no grupo feminino (imunidade coletiva), havendo drástica redução na transmissão de verrugas genitais entre homens após a implantação da vacina contra o HPV como estratégia de saúde pública”, ressalta o órgão.

Fonte: A TRIBUNA

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