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Devemos obedecer às autoridades constituídas?

O que significa o dever de acatamento às autoridades constituídas, segundo Romanos 13: 1 a 4? 

Paulo orienta os cristãos romanos a estarem sujeitos às autoridades constituídas porque são ministros de Deus para manter a ordem. É, portanto, grave pecado resistir à autoridade. Quem a resiste, resiste a Deus. Desobedecer a autoridade constituída é rebelião contra Deus. E ninguém pode resistir a Deus senão para a sua própria ruína. O que resiste a autoridade está transtornando a ordem de Deus. 

E essa resistência gera a desordem, patrocina a anarquia e o desgoverno e estabelece o caos. Os que resistem a autoridade constituída, trarão sobre si mesmos condenação. Essa orientação do Apóstolo nos leva a algumas reflexões necessárias, como, por exemplo: 
Todas as pessoas revestidas de autoridade são ministras de Deus, mesmo quando agem com desvio ou excesso de poder? O que significa a orientação apostólica da não resistência à autoridade (v. 2)? 
Por que devemos submissão às autoridades? 

1-Comecemos falando da última indagação, pois cremos que dela dependem as demais: Devemos submissão às autoridades constituídas por causa da sua finalidade, que é de promover o bem geral da sociedade e corrigir o mal com a devida punição aos responsáveis por ele. (Versículo 4). De fato, se a autoridade promove o bem de todos e pune legitimamente o mal, mantendo a ordem, é ministra de Deus. 

Como promoverá o bem de todos? Promovendo a verdade, a justiça, a paz social, o bem espiritual, moral, político, familiar, etc. Castigar ou reprimir o mal é a segunda atribuição das autoridades – (13:4). Nenhuma autoridade, em todos os seus escalões e especialmente nos níveis de governo, pode ser complacente com as condutas desregradas, indisciplinadas, provocadoras da anarquia ou desordem, da corrupção, da delinquência em todas as suas formas, que pelo menos ameacem a segurança e tranquilidade da sociedade. Então, se os governantes e as demais autoridades têm de agir com toda firmeza contra todo tipo de mal, a fim de que promovam a segurança e a paz social, segue-se que devem ser o exemplo, o paradigma, o modelo, a fim de que os cidadãos tenham neles a lição prática do bem-viver de forma justa. Esse é o princípio de autoridade que a faz legítima: a vida justa. 

2-Mas existe uma justiça ainda maior, que para nós cristãos é aquela da qual o Justo Juiz falou, quando disse: “Se a vossa justiça não exceder (em muito, segundo alguns manuscritos) a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus.”. Mateus 5:20. Esta justiça está muito acima do patamar apenas da legalidade. Ah! Se vivêssemos todos essa justiça! A paz ocuparia o lugar da guerra; os hospitais, o dos presídios e campos de concentração; a vingança daria lugar ao amor e ao perdão restituidor; as lutas de classe, motivadas pela violência e egoísmo loucos, seriam substituídas pela cooperação e comunhão de esforços. Na indústria e no comércio, o valor ganancioso daria lugar ao valor justo, e o salário simbólico daria lugar ao salário real ou salário-produção, representado na justa contraprestação do serviço desempenhado com dignidade. Nas lides forenses, cada um teria o que é realmente seu, e os juízes decidiriam isentos de qualquer influência de simpatia, ou antipatia, ou mesmo de auto interesse e prevaricação, todos eles, sem qualquer exceção. A administração pública realmente visaria o bem comum e o Estado atenderia seus cidadãos livre de paixões de governantes ou de interesses partidários em detrimento da retidão. As leis teriam de fato caráter geral, destinando-se a todos os cidadãos, admitindo-os todos iguais. O poder seria impessoal e imaterial, e quando se personificasse e se materializasse, seria em pessoas que nada mais se considerariam a não ser ministros de Deus, isentos de seu próprio “eu” e mortos para seus pessoais interesses. 

3. Na orientação de não resistir à autoridade, conforme o verso 2 do Capítulo 13 de Romanos, Paulo está falando de uma resistência formal, planejada, proposital e sistemática. (Hai gobierno, soi contra). A resistência que podemos e devemos oferecer não é ao princípio de autoridade, mas aos desmandos das pessoas que ocupam lugar de autoridade, mas sem autoridade. Essa resistência é no sentido de confrontar, interpelar a pessoa que ocupe lugar de autoridade, mas age com abuso ou desvio de poder. Quando a autoridade foge do seu caminho, quando deixa de ser ministra de Deus, tornando-se opressora, corrompendo-se, burlando as leis ou criando leis injustas, quando cria meios e instrumentos para espoliar os fracos, quando suborna os tribunais e os representantes do povo, quando arrebata o direito do inocente, quando ama o luxo em detrimento da fome e da miséria do povo a quem governa, quando promove o erro e induz o povo a se desviar de princípios de solidariedade, paz, bem-estar físico, espiritual, social e familiar, quando colabora com a depravação moral e espiritual, então esse governo precisa ser interpelado a corrigir-se, sob pena de ser reconhecido como desqualificado e ilegítimo.

A)Assim como Elias interpelou Acabe e Jesabel, em Israel 
B)Assim como Amós alertou o rei Jeroboão II 
C)Como João Batista repreendeu Herodes em Jerusalém 
D)Como os apóstolos alertaram o Sinédrio dos judeus 
E)Como Lutero alertou a aristocracia feudal no século XVI 
F)Como Calvino alertou os tecnocratas de Genebra 
G)Como Wesley e Finney condenaram o tráfico desumano de escravos no século XVIII H)Como John Bunyan recusou obedecer as autoridades que lhe proibiram de pregar na Inglaterra 
I)Como Dietrich Bonhoeffer ergueu sua voz contra o nazismo alemão. 

Alguns desses perderam a vida pelo amor à justiça e aos princípios de Deus, como foi o caso de João Batista e Dietrich Bonhoeffer, além de tantos outros referidos nas Escrituras e na História. 

O povo de Deus não pode, a título de obediência, ser colaboracionista, entreguista, conivente com a corrupção e a maldade. A igreja européia foi colaboracionista com o nazismo carrasco de Hitler e até hoje sofre suas consequências em termos de vida aquém do ideal de avanço em crescimento e ardor espiritual. 

Quando os governos desviam-se de sua rota e se rebelam contra a autoridade de Deus, nós precisamos confrontá-los como MESAQUE, SADRAQUE E ABEDE-NEGO confrontaram Nabucodonosor quanto à adoração à sua imagem; como DANIEL resistiu à trama que lhe armaram seus inimigos políticos para não orar a Deus; como os CRISTÃOS PRIMITIVOS resistiram para não adorar ao imperador, ainda que selando essa resistência com o próprio sangue, incendiados nos jardins de Roma e pisoteados no coliseu romano. Como os apóstolos disseram: “Antes importa obedecer a Deus do que aos homens.”. 

Ap. Horacio Silveira

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