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RELEMBRE: Dirceu leva bengaladas na cabeça, golpes desferido por um idoso de Curitiba

Terça, 29 de novembro de 2005, 18h21  Atualizada às 12h22
Dirceu é agredido por homem com bengala na Câmara

Dirceu, após receber o golpe do escritor
Um homem de barba e cabelos brancos, aparentando ter mais de 60 anos, agrediu nesta terça-feira o deputado José Dirceu (PT-SP) com uma bengala que tinha um ponta de ferro, na saída do plenário da Câmara. O homem deu dois golpes que atingiram a cabeça do deputado e depois gritou: "Fristão, Fristão". Ele foi detido pela Polícia Judiciária para prestar depoimento.

Fristão é um personagem do romance de Cervantes que é considerado por Dom Quixote seu arquinimigo, e a quem o cavaleiro acusa de furtar seus livros e de transformar gigantes em moinhos, roubando-lhe uma vitória.

Enquanto o deputado conversava com jornalistas, foi atacado pelas bengaladas do senhor idoso. Dirceu tentou se proteger com a mão do homem que continuava a desferir os golpes. Perplexo com a situação, Dirceu mal conseguiu reagir no momento. "Fui agredido", disse ele aos jornalistas. O agressor, identificado como Yves Humblet, 67 anos, é escritor e morador de Curitiba (PR). Ele disse que teve um ataque de nervosismo quando viu Dirceu sair do plenário. Ele contou que estava visitando a Câmara e que tudo aconteceu rapidamente.

Logo depois da agressão, José Dirceu conversou rapidamente com os jornalistas. "Nada me intimida. Nada me fará voltar atrás na determinação de provar minha inocência. Tenho certeza de que a Câmara e todos os partidos repudiarão a atitude deste cidadão, que não conheço", afirmou o deputado, contra o qual tramita processo disciplinar por quebra de decoro parlamentar na Casa.

Dirceu disse ainda que a atitude do agressor mostra, de certa forma, "o ambiente de hostilidade política que acabou se criando no país". "Quando se fala em surrar o presidente da República, quando se diz que o presidente é um bandidão, cria-se um caldo de cultura de que o país não precisa."


Após depoimento, o agressor aconselhou a 
leitura do livro Dom Quixote.
O escritor acrescentou que, ao atacar o deputado José Dirceu com a bengala, quis praticar um gesto simbólico contra o que ele representava em meio às denúncias apuradas pelas CPIs dos Correios, do Mensalão e dos Bingos. 


"E não estou arrependido; pelo contrário, eu agora estou sentido as reações favoráveis ao meu gesto nas ruas, tenho recebido e-mails de apoio, blogs têm sido criados. O povo brasileiro não perdeu o senso de brincalhão que é o que sempre o caracteriza como um povo excepcional, pois muitas charges foram produzidas sobre as bengaladas. Mas atrás dessa brincadeira tem uma cosia muito séria que é a indignação. E quando o povo perde a capacidade de se indignar não restará mais nada, pois perdeu toda a sua cidadania", concluiu.

O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) e o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA) disseram, em diferentes ocasiões, que surrariam o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se se confirmassem as denúncias de corrupção contra o governo. A deputada Zulaiê Cobra (PSDB-SP) chamou o presidente de "bandidão" em entrevista à imprensa.

Segurança reforçada
Para a sessão de quarta-feira, em que será votado o relatório que pede a cassação de Dirceu, a direção-geral da Casa já decidiu que montará um esquema de segurança reforçado. O reforço incluirá restrição de acesso ao plenário e galerias e montagem de barreiras nos corredores do prédio para a identificação de visitantes.

Cerca de 260 agentes de segurança vão compor o efetivo. Segundo nota da assessoria de imprensa da Câmara, o reforço na segurança entrará em vigor a partir das 9h. Ao longo de todo o dia não haverá permissão para visitas de turistas e o acesso às galerias da Casa, de onde será possível assistir à sessão, será restrito àqueles que tiverem senhas.

As permissões de acesso serão distribuídas às lideranças partidárias proporcionalmente ao tamanho de suas bancadas. "O acesso às galerias se dará após revista pessoal. Não será permitida a entrada de objetos como telefones celulares, máquinas fotográficas, bolsas, carteiras e outros - exceção feita aos jornalistas autorizados", diz o documento. 


Arquivo Terra e JB Online

Por Anderson Barbosa

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