Tenho 25 anos e sinto que estou a morrer a cada dia que passa! Vivi cerca de 3 anos com um homem estupendo a todos os níveis e que, acima de tudo, me amava incondicionalmente, no entanto, nunca me senti verdadeiramente apaixonada por ele e no que respeitava a relações sexuais eram quase inexistentes porque eu não tinha qualquer desejo por ele. A certa altura conheci um colega de trabalho e desde a primeira vez que o vi fiquei completamente fascinada por ele. Ia para casa a pensar nele, voltava para o trabalho a pensar nele… Enfim, tudo se começou a resumir a ele até que fui fazendo “investidas” demonstrando assim o meu interesse. Um dia, num jantar de colegas de trabalho, envolvemo-nos e começamos então com encontros regulares (ele também mantinha uma relação já de algum tempo com outra pessoa). Com o tempo vi que não estava a aguentar viver numa mentira e decidi sair de casa, abdiquei de toda uma vida de luxo e de um homem que gostava verdadeiramente de mim e fui viver sozinha. Fi-lo também para poder viver em plenitude esta relação. A partir daí os encontros passaram a ser muito mais regulares, quase todos os dias, porque ele tem a casa oficial no Norte e trabalha comigo em Lisboa, e só vai a casa aos fins-de-semana. Já passou um ano e as coisas continuam na mesma, ou seja, passa a semana inteira a dormir comigo, a fazer programas comigo, a levar-me a jantar fora etc., divertimo-nos imenso e passamos momentos verdadeiramente inesquecíveis. O problema é que eu já não consigo viver nesta situação por muito mais tempo. Amo-o demais para ser a outra, a minha vida resume-se a ele e quando chegam os fins-de-semana é como se fosse morrendo aos poucos porque sei que está com outra e está provavelmente a fazer-lhe aquilo que me faz a mim durante a semana. Já falámos diversas vezes sobre o assunto. Ele diz-me que gosta imenso de mim, como sou a mulher mais bonita com que alguma vez já esteve, como sou a primeira mulher a dar-lhe o sexo mais fantástico da vida dele, como adora estar comigo, como pensa em mim nos fins-de-semana, etc., mas quando chega a parte em que lhe digo que as coisas não podem continuar assim e ele tem de escolher, ele escolhe sempre o querer acabar a relação que tem comigo porque sabe o quanto me está a fazer sofrer e diz também que não suporta ver-me na depressão em que me encontro. Confronto-o muitas vezes com isso e pergunto-lhe como é que é tão fácil para ele abdicar de mim, no entanto, ele diz que não é fácil e que eu não faço ideia de como lhe custa fazer isso. Na verdade, cada vez que falamos disto ele acaba também por chorar, depois eu digo que vou pôr um fim a isto e ele diz que é o melhor, começa a ir embora e eu acabo por nunca deixar; corro sempre atrás dele peço-lhe para ficar novamente e as coisas voltam sempre ao mesmo. Falamos algumas vezes da relação que ele mantêm com a outra e as coisas que ele diz a esse respeito são sempre más, então eu confronto-o perguntando se é tudo mau porque é que ele não fica comigo mas ele nunca sabe o que dizer. Pergunto-lhe porque está comigo e acaba sempre por me dizer que é por nunca ter conhecido alguém tão especial como eu. Como nunca acredito digo-lhe que me pode dizer a verdade e confronto-o dizendo que está comigo só por causa do sexo e quando digo isto ele fica completamente ofendido, diz que se quisesse sexo tinha em outros lados e diz que para ele chega desfrutar da minha companhia, diz que chegam-lhe os carinhos que fazemos um ao outro e que não precisamos de fazer sempre sexo (embora façamos todos os dias). Diz que tem um sentimento muito grande por mim. Não tenho forças para deixá-lo, no entanto, sinto que também já não tenho forças para continuar assim… Nunca acredito em nada do que me diz, penso que está sempre a mentir, passo a vida a ver o telemóvel dele às escondidas. Ando a ficar louca com isto porque faço filmes na minha cabeça e nunca são a meu favor. Sinto que a traição é comigo porque na minha cabeça é quase como se eu fosse a legítima porque sem dúvida neste último ano ele passou todas as semanas comigo enquanto que com ela só partilhou alguns fins-de-semana. Não sei como ultrapassar isto, só sei que não durmo, não como, não saio com ninguém, passo a vida a olhar o telemóvel porque dependo de uma mensagem dele para começar o meu dia, passo o dia a tentar saber onde está, com quem, a fazer o quê.., Sinto que estou obcecada por ele.., E não sei o que este homem quer de mim nem tão pouco como consegue manter estas duas relações já há tanto tempo.
A.
Quase todas as pessoas ambicionam encontrar alguém por quem se apaixonem e com quem se sintam seguras para viver a dois. Não raras vezes, cruzamo-nos com pessoas que consideramos estupendas e que mostram que gostam de nós de forma genuína, mas o facto de não sentirmos o mesmo amor leva-nos a deixá-las para trás. A isto também chamo inteligência emocional, na medida em que não faz sentido mantermos uma relação com alguém que acarinhamos mas que jamais amaremos no sentido romântico. Mas se isto é verdade, também não faz sentido que mantenhamos uma relação com alguém que mostre que não nos merece e/ou que não investe na relação na medida em que gostaríamos.
Não posso fazer quaisquer conjecturas acerca do que o seu companheiro sente por si e muito menos me passaria pela cabeça ajuizar sobre o sofrimento dele nesta situação, mas posso e creio que devo chamar a sua atenção para algo que me parece óbvio: a leitora está a dar muito mais do que recebe. Apesar de esta não ser uma situação confortável para si, o seu companheiro tem sido muito claro no que diz respeito à importância que a leitora ocupa na vida dele. Repare que apesar dos momentos positivos que têm vivido a escolha dele está feita – o seu companheiro não concebe, de todo, a possibilidade de ficar ao seu lado, deixando a mulher que tem no Norte.
Ainda que a vossa relação não seja exclusivamente marcada pela intimidade sexual, a verdade é que esta é provavelmente a grande mais-valia da relação aos olhos da pessoa que ama. De resto, está claro para mim que a leitora não está a receber aquilo de que precisa para se sentir feliz, segura, e isso estará a afectar a sua auto-estima. O facto de se sujeitar a viver numa relação em que é “a outra” pode estar relacionado com fragilidades antigas que podem e devem ser alvo de análise cuidada. A leitora é demasiado nova para se acomodar a uma situação em que é claramente desrespeitada e prejudicada. Bem sei que lhe é difícil romper uma relação com a pessoa por quem, apesar de tudo, se sente apaixonada, mas é tempo de pensar verdadeiramente em si, nas suas opções e naquilo de que precisa para ser feliz. Não sendo fácil dar estes passos sozinha, peça ajuda especializada. Um psicólogo experiente ajudá-la-á a gerir melhor as suas emoções.
Fonte: A Psicologa Responde
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